domingo, 19 de fevereiro de 2012

Trailer do filme de Raul

domingo, 22 de janeiro de 2012

Idade Média

O Nascimento do Ocidente



Esta Obra foi revista com correções e acréscimos, como resposta ao interesse que o Brasil tem pela História Medieval, um assunto muito rico e complexo. O autor Hilário Franco Júnior, nos revela em sua Obra “A Idade Média, O Nascimento do Ocidente” que não temos conhecimento de todos os fatos importantes, concentrando-se assim apenas na sua análise sobre a Idade Média.
Todos os homens se vêem em época contemporânea mesmo ela sendo catalogada futuramente como antiga (medieval, por exemplo), isso é como dar nomes a acontecimentos passados. Este pré-conceito foi elaborado no século XVI, pois “grandes” nomes da época davam nomes a Obras que por não terem certos padrões, denominados clássicos eram vistas como toscas, sem esquecer-se de outros acontecimentos que impregnaram o período. O grande pintor Rafael Sanzio denominou certas Obras de “Góticas” termo utilizado como sinônimo de bárbaro e na mesma linha podemos citar François Rebelais, que se referia a Idade Média como “a espessa noite gótica”, personagens como estes tiveram contribuição para que no século XVII passasse a prevalecer a expressão Medium Aevum.

Hilário F. Júnior
Época esta, criticada por protestantes e vista como período de supremacia da Igreja Católica, que dominava até as ideologias sendo detentora do conhecimento (livros e educação), do período, tempo este também de reis fracos e fragmentação política, onde o cristianismo soava como um “atraso” e intervalo do progresso humano na visão dos iluministas (razão). Período que provava do desprezo dos intelectuais racionalistas que discriminavam esta cultura, muito ligada a valores espirituais.

A filosofia da época, que guiava-se pela luz da razão. Iluministas censuravam o forte peso político que a Igreja desfrutava e sintetizando tais críticas, Denis Diderot afirma que “sem religião seriamos um pouco mais felizes”, compartilho desta afirmação na medida em que vemos ao longo da história como a mão católica muitas vezes se faz prejudicial à sociedade, os papas nesta época eram vistos como símbolo de fanatismo e atraso pelos intelectuais.

O Renascimento do século XIX valorizou o período com a questão de identidade nacional, que ganhou uma forte ênfase com a Revolução Francesa. O Romance resgatou o período e trouxe certa harmonia em questões de Arquitetura, Arte, Música e Literatura com sua paixão e exuberância. Para o romantismo o período era esplendido, ou seja, algo que deveria ser imitado e prolongado, fazendo assim uma restauração de inúmeros monumentos medievais inventando detalhes e modificações de concepções. Com todos esses avanços a Idade Média não pode ser sinônimo de “Idade das Trevas”.

Gárgula
Este trabalho feito em indícios, fragmentos e fontes primárias, que jamais foram reconstituídas tem a história como “filha do tempo”, sendo assim cada período tem sua preciosidade, sua Grécia sua Roma e sua Idade Média e assim reciprocamente seu Renascimento, sendo concebida a História como um processo natural e evidente, se deve renunciar a busca por um fato específico que teria sido um marco inaugural ou de encerramento, de um determinado acontecimento ou período.

Na Idade Média a Igreja, sentia-se como a verdadeira e legitima herdeira do Império Romano (legitimando as coisas e se impondo no cenário), era a rainha das terras e potência política, dando assim força de Lei ao dízimo e uma expansão territorial da qual as cruzadas são a face mais conhecida, uma sociedade que passava de costumes feudo clericais para feudo burguesas, dominada plenamente e culturalmente pela Santa Igreja Católica.

Neste período emergia as cidades, as universidades e a literatura vernácula, juntamente com a filosofia (ciência empírica). Os conservadores como Dante, lamentavam tais transformações, mas sem negar o período caminhava em direção a novos tempos, novos moldes, porem com elementos medievais.

Dante Alighieri
As teorias cíclicas influenciaram o cristianismo e reforçaram pensamentos míticos, idéias de passado moderno e fim dos tempos, pois o apocalipse preocupou muitos neste período (terrores do ano 1000), trazendo de forma implícita em si a concepção de um tempus médium, precedendo a nova era.

É visto que os historiadores são gratos a demografia histórica, pois houve vários tipos de movimentos migratórios, por motivos de doenças (peste e varíola), melhoras de vida e teve-se também, uma busca de equilíbrio de contingente, praticas que foram punidas pela Igreja que almejava controle sobre tudo.

A Idade Média deixou um grande legado, um verdadeiro patrimônio psicológico mítico e ocidental (intelectuais e artistas). Ontem e hoje lutamos pelas mesmas coisas, mesmo essas coisas tendo assumido formas historicamente diferentes, o homem atual se reconhece nesse processo onde o que “há de mais vivo é o passado” perpetuando assim a função do historiador, que é a de compreender e não a de julgar o passado.


Reflexões sobre a Obra de Hilário Franco Júnior.


FONTE: Junior, hilário franco. A Idade Média, O Nascimento do Ocidente.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Breve comentário: Egito e Realeza

Fragmento:

Por trás do faraó é possível discernir a concepção primitiva de um chefe dotado de poder sobre as forças naturais, de um rei fazedor de chuvas. "Na Mesopotâmia o governo monárquico não se fundava em nada comparável; a realeza, numa certa medida, permanceu problemática".

(H. Frankfort, "As formas históricas da realeza mesopotâmica")




Sabendo do universo infinito de riquezas, arriscarei mesmo que seja de forma superficial, uma passagem distinta entre as realezas referidas no fragmento acima.



O Egito juntamente com sua rica História Cultural, jamais poderia ser explicado integralmente em um simples texto, baseando-se na complexidade que cerca as formas de Realeza, o que faz com que esta concepção não se realize de maneira semelhante. Para os Historiadores é sobre humano discutir “tudo” e “todas” as culturas, pois trata-se de um universo muito distante para nós, devido vários fatores que se fazem presentes em nosso ofício, começando pela dificuldade de aproximação das fontes.

Ao falar do Egito temos de sermos esclarecidos quanto às “ações” que as fontes e vestígios sofreram ao longo do tempo, sejam por fenômenos naturais ou por interesses de superiores ou pelo próprio tempo, sem esquecermos-nos dos ladrões de túmulos, que dificultam assim a preservação e conservação das fontes (documentos). Por esses motivos o Egito vem sendo contado e recontado como um lugar mágico, misterioso e longe de um passado exótico. Filmes de aventura e mistérios que trazem sempre como cenário este Egito encantador e emblemático, aguçando ainda mais a vontade de conhecer um pouco mais, sobre este lugar que a mais de três mil anos esconde várias facetas de sua cultura admirável e complexa.

Para o homem moderno que está em contato com essa dificuldade das fontes primárias, faz com que o mesmo esteja propicio a um caminho de arremessos de conceitos, ou seja, uma relação extremada das comunidades nos moldes do exagero, ao falar de governos e de uma sociedade que se encontra hoje distante de nossa compreensão, restando apenas à semelhança de aceitar que todas as sociedades são diferentes.

Séculos atrás o Egito foi saqueado e tudo de precioso e útil foi desviado para Constantinopla, havendo assim uma dificuldade de remontar essa História e é apenas recentemente que vemos o Egito com este “olhar” que nossas “ferramentas” nos possibilitam. Ferramentas essas que não resolvem nossa questão, pois sabemos nós historiadores que existe um lugar onde nos apegamos, para colher o que há de informações corretas e relevantes em nossa concepção e ofício.

O Egito formou-se em torno das cheias do Rio Nilo (união do Nilo Branco com Nilo Negro), sendo da riqueza das águas que o Egito se ergue, o tamanho das cheias é de aproximadamente 28 metros de profundidade chegando até 40 quilômetros de extensão. A cada ano morriam várias pessoas e este fato era visto como uma renovação das épocas de chuva. A grandiosidade do encontro das águas fez com que o Faraó, considerado Rei de todos os seres e detentor de todas as forças, desenvolvesse um projeto de poder que visasse o controle dessas cheias. Mas o grande Nilo também é provedor de benefícios, pois fazia com que sua população vivesse do comércio por ele proporcionado, fato que trouxe por volta de 3000 a 3029 à unificação das duas partes do Egito próximas ao Nilo.

Umas das coisas que nos permite pensar que esta sociedade foi organizada eram o tipo de poder, que eles possuíam de realizar permanências imediatas e por terem relações com guerras, arte, alimentos, climas e culturas. No Egito é perceptível a continuidade de cultura e de séries de acontecimentos preservados, não existe no mundo moderno algo que seja incontestável e não existe processo que ligue todas as pessoas, se voltarmos ao passado de mudar curso de rios, pirâmides, pois isso se encaixa sem questionamento e briga no Egito. Pergunto se existe forma mais visível de dizer que existia uma organização e se estes fatores não são uma fonte visível de autoridade? A autoridade desapareceu do mundo moderno, não estamos atrelados a ela, pois ocorreu um apagamento de regime de autoridade devido nossa desvinculação de valores e do passado. A autoridade deixou de existir por volta do século XIII, por se desatrelar da tradição fazendo-se a modernidade, pois dizem que quanto mais sólido mais próximo se fica da destruição, então as autoridades tradicionais ficaram para trás (como a pather família).

O mundo do passado é a conservação e hoje os desprestígios dos regimes políticos estão presentes em nossa vida, estamos longe de sermos representados não sabemos nem em quem votamos. A crise de autoridade esta espalhada na política e na família, pois ninguém tem “medo” nem respeito e isso não pode ser explicado mais com respostas fúteis e sim filosóficas. O mundo moderno perdeu a autoridade e uma das coisas que deveriam realizar era um relacionamento das pessoas usando a hierarquia realizando assim a autoridade, essa relação do que manda e do que obedece, pois quem manda teria a autoridade de quem obedece, mas de forma que esta hierarquia fosse baseada na velhice (conhecimento e respeito) em um resgate de tradições e valores, que não usariam de coerção.

Para termos um melhor entendimento do Egito é preciso ter a sensibilidade de olhar valores contidos na “continuidade”, vendo assim o Faraó como algo a mais na vida dos egípcios, pois este último era visto como o homem das forças naturais que ordena o mundo das águas. O faraó se fez líder das águas e ordena um reino, porém jamais terá “paz”, mas é importante pensar que entorno dessa realeza havia uma organização social, que dividiam e controlavam tudo, sendo feito de certa forma uma engenharia de poder que controlava o líder á frente de negociações, guerras além de ligar o universo divino com o universo terreno, lembrando que o Egito é a porta de entrada e saída (comércio), tendo assim o controle do delta do Nilo. Este contexto fez do Egito um Estado ordenado que, luta por organização com outros países, pois tinha prestígio e um controle interessante juntamente com uma rota de comércio respeitada e invejada na época.

Temos que levar em consideração o rei fazedor de chuva visando que não existe essa figura em nenhuma outra parte do mundo, pois ele lida com tudo sendo uma só pessoa. Mesmo entre os Maias existe uma diferença na concepção de realeza comprometida com o ordenamento do mundo. No Egito formas de realeza são concentradas nas mãos do Faraó diferenciando das outras, e a única coisa que podemos fazer é especulações: saber com quem casou-se, quais eram seus inimigos, governos. Enfim contar alguma história e termos a capacidade de observar que essa sociedade complicada aos nossos olhos vive nessa organização.

O Egito que ordenou entorno do Nilo um Império gigante e comandou formas de poder e organização social, foi capaz de erguer monumentos, muros para a época das cheias e então o que nos sobra? pequenos fragmentos para construir a imagem do Faraó que visa glorificar os mortos para sua história ficar viva e isso é significativo para contar o que queremos através dessa conversa com os mortos (nas fontes encontradas em pesquisas). Essa capacidade de olhar para a natureza imutável e o Faraó teria que explicar a situação se o rio enchesse e se a chuva não viesse, ele era como um homem do tempo. Nós só compreendemos esses fatos e observamos (dias de hoje), mas o Faraó só ordena e tem confiança depositada na sua pessoa e não sabemos se é medo ou respeito, mas algo foi estabelecido nesta sociedade egípcia.

Esse fazedor de chuva comandava mãos de obra e ainda tinha que ser economista, dizia o que ia dar certo ou não, em nem tudo dava certo, pois, o Egito era um País de economia frágil dependente do Faraó que tinha que explicar períodos de secas e controlar ordenamentos, e se manter no poder perante a sociedade com recursos limitados, tendo que ter controle sobre a natureza e outras coisas que o cerca, tornando a vida deste líder um emaranhado de complexidades.

Olhando por uma das janelas que nos cercam, pode-se dizer que não há autoridade onde existe coerção. A autoridade existe sem jamais ter existido, pois há diferentes formas de pensar o regime de autoridade. A autoridade fator único senão decisivo na comunidade humana nunca existiu, ela esta contida em uma condição histórica, que muitos dos conceitos são históricos no tempo múltiplo e contraditório que vivemos.

Discutir “autoridade” que fazia parte da realeza é tão complicado quanto desvendar a construção exata das pirâmides.

Quando se sabe que

“Até a democracia é tirânica”.

fonte: Prova de História 2009

Disciplina: História Antiga
Prof: Juliano Pirajá

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Zygmunt Bauman e Jorge Luis Borges

     A partir de um tema proposto sobre a "imotalidade" presente nas obras de literatura pesquisadas, apresento uma discussão entre os textos de Zygmunt Bauman intitulado de “O Mal-Estar da Pós-modernidade” e o Conto de Jorge Luis Borges “O Imortal”. Ambos os textos trabalham em cima de um tema complexo que é a “imortalidade”, uma concepção de difícil contemplação filosófica e que não é uma discussão pós-moderna, pois desde que o mundo é mundo a morte é um mistério interessante, mas que até hoje não se tem algo definido sobre ela.

      Este contexto literário evoca algo mais antigo a respeito desta concepção de “imortalidade” antes mesmo da própria literatura moderna, a cerca de 1200 anos antes de Cristo. Mas precisamente em uma época em que vivia um dos maiores reis do Egito o Faraó Seti I durante uma época denominada "áurea" do reino egípcio.

      A cidade dos imortais aonde Joseph Cartaphilus chega após uma árdua caminhada, cheia de coisas extraordinárias como labirintos, corredores sem saída e janelas inalcançáveis terminam sem conduzir a parte alguma, “nesse palácio, construído por imortais para imortais, nada parecia ter sentido, nada servia a nenhuma finalidade” gerando assim uma busca de incertezas. Contrapondo essa viagem deste personagem, a vida de um dos maiores guerreiros do Egito nota-se a diferença que os separa no tempo e os aproxima na Pós-modernidade, por meios das “angustias” referente à morte. Na concepção egípcia a morte é uma passagem e não um fim certo, ou seja, uma continuidade que começa quando a “alma se separa do corpo”, onde o guerreiro enfrentará na morte a mais terrível de todas as batalhas (algo que parece com a viagem de Cartaphilus, mas após a morte).

      Tratando-se das realezas egípcias percebe-se que o corpo físico tem uma atenção fundamental comprovado pelo ritual de mumificação. Algo como “se o corpo fosse bem conservado a alma iria reconhecê-los e se unirem no além”, ou seja, a imortalidade presente após a morte como uma segunda jornada, que complementa a primeira. A realeza egípcia tem um lugar especial para descansar após a morte, alguns eram sepultados no Vale dos Reis após uma completa mumificação. Algo que se encerra de um lado e que começa em outro, uma luta pela ressurreição. No texto de Bauman ser imortal é coisa comum, com exceção do homem todas as criaturas são imortais, pois ignoram a morte. Para os mortais dar sentido as coisas esta acompanhado de saber que somos mortais, pois se a morte fosse algum dia vencida não haveria mais sentido em certas coisas da cultura humana (artes, ciência ou tecnologia).

      Para os egípcios após a morte uma jornada os espera, onde só poderiam ter êxito guiado por um livro, denominado “Livro dos Mortos”. O que prova que a morte também era tratada com seriedade por essas sociedades. Estudos de arqueólogos descrevem que quando um rei morre, torna-se o Deus Sol, pois se une a ele, numa identidade única. Como tal a batalha do Deus Sol no mundo inferior, é a batalha do próprio Faraó. Diferente dos pós-modernos para os egípcios o Sol era o santo dos santos, pensavam que se ele morresse literalmente a ocidente e em cada poente, logo rezavam para que voltasse a erguer-se a oriente na manhã seguinte. Observar a concepção egípcia quanto a essa passagem, percebe-se algo muito além da imortalidade, que outrora fora buscada por Cartaphilus. O Faraó e o sol tornavam-se uno uma imortalidade profunda e angustiante há 1200 anos.

      No texto de Baumam a imortalidade é discutida entre questões como coletivo e individual, onde afirma que “os seres humanos individuais são mortais”. Isso ocorre porque seres morem e as instituições a que eles pertenceram ficaram vivas (igreja, nação, partidos e causas). Bauman tem bastante sensibilidade de perceber esse contexto que molda muitas vezes a concepção do que deve ser imortal, devido suas qualificações aos grupos que pertencem. No Egito a vida na terra dependia do Faraó que morreu, pois quando este se unia ao sol a vida terrena dependia dessa jornada noturna, que se fosse bem sucedida traria o sol novamente no céu. Uma visão que mostrava que a vida dependia dos mortos que seguem em batalhas infinitas no além.

      A imortalidade egípcia não dependia somente da batalha, mas sim da pureza e da força mágica. Os egípcios buscavam a vida eterna, mas para isso precisavam ter um espírito puro e conhecimentos mágicos, onde a sabedoria iria abrir as portas para tal imortalidade. Uma imortalidade após a morte dependia também de uma conduta anterior, diferente da jornada de Cartaphilus, que buscava por uma cidade (cidade dos imortais) e que não tinha total pureza nem dons mágicos, mas a ânsia pela imortalidade.

      Bauman trata da morte “moderna” com várias nuances que o homem percorre em busca da imortalidade, por meio da ciência e logo ressalta que vivemos em uma época de temor demográfico. Porque agora a alta taxa de natalidade faz reluzir a questão dos recursos limitados. No Egito a vida dependia do sol, pois se ele não renascesse tudo morreria na escuridão, o sol era a vida, mas hoje a ciência fez nascerem outras fontes de vida, mas de forma limitada e paradoxal, como a tecnologia de transplantes e substituição de órgãos, a ciência em apoio com a medicina moderna adquiriu meios eficazes de prolongar a vida.

      Ao longo de milhares de anos, os egípcios desenvolveram formas elaboradas de tornar possível a jornada após a morte e ajudar a garantir uma vida perene. Esta demanda da imortalidade está no próprio cerne da civilização egípcia, pois para os antigos egípcios a jornada para o além era real. Assegurar essa vida eterna implicava numa organização de enorme número de pessoas e recursos, pois havia de alimentar exércitos de trabalhadores (escribas, pintores e artistas). Fica possível afirmar que as pirâmides e os túmulos edificaram o Egito, porque o seu conceito sobre a morte, o além e a imortalidade, levaram os egípcios a criar uma extraordinária arquitetura, lançando assim ao longo do tempo os alicerces de uma civilização que durou cerca de três mil anos. A imortalidade que evoco aqui para discutir com a imortalidade de ambos os autores, começa no túmulo (Egito). O túmulo egípcio quer se destinassem a reis ou a homens comuns, recriavam os cosmos e agiam como máquinas de ressurreição, nas quais o espírito do rei renascia e voltava a reunir-se ao corpo para que eles assim pudessem viver para todo sempre conduzindo a nação onde quer que estejam.

      Bauman cita outro fator importante pós-moderno, que é a informatização, pois com ela agora é possível ultrapassar as barreiras para futuras gerações como também banalizar de certa forma as obras, devido o fácil acesso e reprodução das mesmas sem preservação de uma autoria original. A relação que o Egito trouxe a essa discussão é possível no sentido de verificar a diferença que o conceito de imortalidade se deu ao longo deste processo de tempo. A sociedade pós-moderna busca de forma incansável a imortalidade por meios de vários recursos disponíveis, inclusive recorrendo a textos literários e outras formas de pesquisa e feitos. Borges trouxe combustível a essa questão por meio das mãos de Bauman que levantou vários pontos relacionados e imortalidade. A morte talves seja o segredo desta vida. Por mais que os intelectuais discutam sobre essas angustias relacionada à morte, sabemos que a grandeza que essa questão carrega transformou-se em um grande enigma, que escorre pelas mãos e cada civilização tem uma forma de lhe dar com esses questionamentos, ou seja, assim como os egípcios só nos será revelado este segredo após a morte, em nossa jornada no além.

BAUMAN, Zygmunt. O Mal-Estar da Pós-Modernidade. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1998. p.190 - 204.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Os Filhos da Terra do Sol: A formação do Estado-nação em Cabo Verde.

O livro de Leila Maria G. Leite, intitulado de “Os Filhos da Terra do Sol” que trata da formação do Estado nação em Cabo Verde, aborda em seu terceiro capítulo um tema muito problemático, que é o “colonialismo”. O texto já se dá conta da faceta que permeia tal palavra, quando em seu primeiro parágrafo afirma: “Colonialismo é mais que a não-liberdade” , pois é por meio deste discurso que se tornou possível a violência institucional seja ela física, mental, explicita ou velada. Estas condições impostas pelo colonialismo fazem das nações onde ele se instala, uma vítima com sintomas semelhantes ao câncer, que mesmo diagnosticado a cura não é uma certeza.

Cabo Verde é um arquipélago localizado na região da costa da África Central, constituído por 10 (dez) ilhas, o que seria propício para uma colonização. Não demorou, para que a mão portuguesa por volta do século XV, em meio à febre das colonizações, “descobrisse e povoasse” a sua maneira, este pequeno arquipélago. Esta ilha serviu de ponto de escala para os navios portugueses, que no calor de seu tráfego e comércio, faziam dos escravos a mercadoria, que enchia os bolsos dos colonos instalando assim seu cabresto europeu. O engodo fez parte do forte discurso do colonizador europeu, que se diz livrar o País do atraso e da decadência, colocando-o por meio da colonização no trilho do progresso econômico, por meio de criação de condições capazes de igualá-lo a outras nações européias.

A percepção de que tudo tem um preço não é difícil de ser observada, quando olhamos para História e vemos o rastro deixado pela colonização. Que cobra em dobro por esse tal “progresso” que por muito tempo e até a época contemporânea é o motor das civilizações. O progresso não vem sozinho traz consigo neste período de colonização a exploração, que se camufla na administração portuguesa. Este contexto proporciona aos cabo-verdianos uma fragilidade, porque em meio a um período de abolição da escravatura, estavam à mercê de portugueses que não eram a favor da abolição, desarticulando assim muitos idealistas que formavam os movimentos abolicionistas organizados, que lutavam da mesma forma pela independência.

Uma das partes mais intrigantes desta obra “Os Filhos da Terra do Sol” é defrontar-se com as citações, das palavras de Hegel:

Tal é o homem da em África. Quando o homem aparece como homem, põe-se em oposição á natureza, assim é como se faz homem. Mas quando se limita a diferenciar-se no primeiro estágio, dominado pela paixão, pelo orgulho e a pobreza; é homem incapaz. No estado de selvageria encontramos o africano, enquanto podemos observá-lo; e assim tem permanecido. O negro representa o homem natural em toda a sua barbárie e violência; para compreendê-lo devemos esquecer todas as representações européias. Devemos esquecer Deus e a lei moral. Para compreendê-lo exatamente, devemos fazer uma abstração de todo respeito e moralidade, de todo o sentimento (...). De todos os traços resulta que a característica do negro é ser indomável. Sua situação não é suscetível de desenvolvimento e educação. (...) Aquele que quer conhecer manifestações terríveis da natureza humana as encontrará na África. O mesmo nos dizem as notícias mais antigas que possuímos acerca desta parte do mundo; a qual não tem realidade histórica. Por isso abandonamos a África para não mencioná-la jamais. Não é uma parte do mundo histórico; não apresenta um movimento nem uma evolução, e o que tem acontecido nela em sua parte setentrional pertence ao mundo asiático e europeu. (...) O que entendemos propriamente por África é algo isolado e sem história.

Hegel ao fazer tal citação, leviana com falsos fundamentos, lança uma negra mácula por sobre sua biografia de filósofo intelectual alemão, pois é como se essa citação contradissesse todo trabalho conquistado ao longo de sua carreira, como filosofo renomado. Tudo se resume na deficiência de perceber e valorizar as diferenças, pois sua intelectualidade não foi capaz de superar as adversidades da própria natureza, que nos fez diferentes uns dos outros, não sendo isso motivo de inferioridade ou falta de cultura.

A África não condiz com essa afirmação de Hegel, o filósofo equivocasse de forma brusca. Esta citação incoerente é o que possibilita as atrocidades que são relatadas a todos os momentos, nos quatros cantos do mundo e reverbera em muitos outros “seres humanos”, que compartilham do mesmo conceito retrógrado em relação a este maravilhoso continente. O século X V foi infelizmente inundado por seres que não possuem nem o título nem a ciência e nem a virtude de compreender sequer seus semelhantes, mas ainda assim se sentiram pequenos deuses na terra, agindo com abuso sob as civilizações. A colonização européia com características deploráveis não foi um fato isolado ou particular somente desta pequena ilha da África Central. O mesmo câncer colonial proliferava também na mesma época na Índia Ocidental, mais precisamente na Ilha Espanhola como foi relatado no livro “O Paraíso Destruído” escrito por Frei Bartolomé de Las Casas :

“Na ilha Espanhola que foi a primeira,como se disse a que chegaram os espanhóis, começaram as grandes matanças e perdas de gente, tendo os espanhóis começado a tomar as mulheres e filhos dos índios para deles servi-se e usar mal e a comer seus viveres adquiridos por seus suores e trabalhos, não se contentando com o que os índios de bom grado lhes davam, cada qual segundo sua faculdade,a qual é sempre pequena porque estão acostumados a não ter de provisão mais do que necessitam e que obtêm com pouco trabalho. E o que pode bastar durante um mês para três lares de dez pessoas,um espanhol o come ou destrói num só dia. Depois de muitos outros abusos,violências e tormentos a que os submetiam, os índios começaram a perceber que esses homens não podiam ter descido do céu. Alguns escondiam suas carnes, outros suas mulheres e seus filhos e outros fugiam para as montanhas a fim de se afastar dessa nação. Os espanhóis lhes davam bofetadas, socos e bastonadas e se ingeriam em sua vida até deitar a mão sobre os senhores das cidades. E tudo chegou a tão grande temeridade e dissolução que um capitão espanhol teve a ousadia de violar pela força a mulher do maior rei e senhor de toda esta Ilha. Cousa essa que desde esse tempo deu motivo a que os índios procurassem meios para lançar os espanhóis fora de suas terras e se pusessem em armas: mas que armas? São tão fracos e tão poucos expedientes que suas guerras não são mais que brinquedos de crianças que jogassem com canas ou instrumentos frágeis. Os espanhóis com seus cavalos, suas espadas e lanças começaram a praticar crueldades estranhas; entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres grávidas e parturientes e lhes abriam o ventre e as faziam em pedaços como se tivessem golpeando cordeiros fechados em seu redil. Faziam a apostas sobre quem, de um só golpe de espada, fenderia e abriria um homem pela metade, ou quem, mais habilmente e mais destramente, de um só golpe lhe cortaria a cabeça, ou ainda sobre quem abriria melhor as entranhas de um homem de um só golpe. Arrancavam os filhos do seio da mãe e lhes esfregavam a cabeça contra os rochedos enquanto que outros os lançavam á água dos córregos rindo e caçoando, e quando estavam na água gritavam: move-te, corpo de tal?! Outros, mais furiosos, passavam mães e filhos a fio de espada. Faziam certas forças longas e baixas, de modo que os pés tocavam quase a terra, um para cada treze, em honra e reverência de Nosso Senhor e de seus doze apóstolos (como diziam) e deitando-lhes fogo, queimavam vivos todos os que ali estavam presos. Outros, a quem quiseram deixar vivos, cortaram-lhes as duas mãos e assim os deixavam; diziam: Ide com essas cartas levar as notícias aos que fugiram para as montanhas. Dessa maneira procediam comumente com os nobres e os senhores; faziam certos gradis sobre garfos com um pequeno fogo por baixo a fim de que, lentamente, dando gritos e em tormentos infinitos, rendessem o espírito ao Criador. Eu vi as cousas acima referidas e um número infinito de outras; e pois os que podiam fugir ocultavam-se nas montanhas a fim de escapar a esses homens desumanos, despojados de qualquer piedade, ensinavam cães a fazer em pedaços um índio á primeira vista. Esses cães faziam grandes matanças e como por vezes os índios matavam algum, os espanhóis fizeram uma lei entre eles, segundo a qual por um espanhol morto faziam morrer cem índios”.Assim relatou o Frei Bartolomé, neste triste relato que traz toda indignação de quem tem sensibilidade.

Este relato põe em cheque a concepção que anteriormente Hegel disse a respeito dos africanos, pois com uma atitude, dessas aqui relatada pelo Frei, podemos nos perguntar quem realmente é civilizado? Com tal comportamento. Não poderia se esperar muito de colonos que agem dessa forma covarde contra índios indefesos, não há gral de intelectualidade que justifique tais ações e uma citação que se fundamenta na escrita e se dissolve na prática.

Essas imagens mostram o quanto o homem é medíocre e principalmente os que defendem esta apologia de colocarem a África a margem da história ao mesmo tempo em que negam ao negro a condição humana. A África é um berço de grandes intelectuais que não deixa a desejar a nenhuma civilização. Grandes nomes como F. Fanon e outros intelectuais cabo verdianos, lutam por uma construção de identidade nacional dos países da África e conseguem um apóio fundamental na batalha pela dignidade de seu povo, por meio da mídia e da literatura, composta por pensadores que se simpatizam pela corrente liberal. O autoritarismo europeu que escraviza os africanos em suas próprias terras faz com que muitos cidadãos, mudem de seus países em busca de melhores condições de vida. O Brasil é tido como referência por Cabo Verde, devido sua independência e por muitas vezes são tidos como irmãos de sangue e linguagem.

A questão que envolve Cabo Verde não é um fato isolado ou atípico, é uma situação que muitos países da América Latina e outros continentes enfrentaram no decorrer de sua história e que até hoje, existem conseqüências terríveis e lamentáveis deste sistema colonizador. Talvez um dos fatos que mais causam indignação quando nos deparamos com essa realidade é o fato, de se ter discursos como o de Hegel que coloca o europeu como centro do mundo e modelo de nação, uma civilização que se diz multicultural, mas que não consegue simplesmente entender, as diferentes culturas que habitam os outros continentes. Os europeus que reagem com uma brutalidade e tirania para impor sua superioridade acabam por demonstrar uma covardia sem receio e preocupação com seus semelhantes.

É preciso muito mais que essas formas de dominação e discursos degradantes para ofuscar o brilho que a nação africana possui, pois com todas essas adversidades e desigualdades com que os europeus se gabam por sobre as nações, deixam mais claro para o mundo, que não passam de aproveitadores medíocres e desumanos, palavras essas confirmadas por seus atos, que estão presentes em muitos relatos de quem pode viver, para escrever e mostrar ao mundo do que o europeu é capaz de fazer, para se afirmar no mundo.

Resumir assim em amplas pinceladas, o conteúdo que a obra de Leila Maira G. não lhe faz justiça, pois mereceria bem mais reflexões, principalmente em um momento em que o Brasil e outros países debatem a necessidade de implantar políticas públicas, destinadas a corrigir males de proporção histórica derivadas do racismo, o livro “Os Filhos da Terra do Sol” nos convida a fazer uma reflexão sobre as maneiras por meio das quais diferentes sociedades, forjaram a exclusão econômica e sociocultural dos países africanos e seus descendentes. Uma leitura que nos leva a explorar as várias dimensões do que está além da escravidão.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

OS DONOS DO PODER (R. FAORO)

Caros leitores este texto abaixo foi elaborado apartir de dois livros discutidos em sala de aula, no ano de 2010 por nosso nobre professor, Juliano Pirajá da UEG (Universidade Estadual de Goiás). Espero que gostem dos pontos de vista aqui expostos.

Boa leitura.

Portugal seus pares e seus ípares

                Debate proposto em aula foi sobre o livro Os Donos do Poder de Raymundo Faoro, onde foi discutido características do Brasil, questões sobre o público e o privado dentro do Estado Patrimonialista brasileiro, abordado nos anos 60 por Faoro que defendia a idéia de que não existe somente uma “elite” e sim uma “teia” contendo vários tipos de elite. Este autor possui muitos textos e livros valiosos, sendo um dos mais populares o “Os Donos do Poder”, onde se pode ter conhecimento de dois tipos de poder (aristocrático e o territorial) sabendo-se, que a primeira monarquia da Europa foi a portuguesa este livro enriquece muito o conhecimento de seus leitores. Por meio desta obra vimos um canal de sustentabilidade que é a burguesia comercial que se faz presente neste contexto (Florença, Veneza), pois a burguesia estabelece uma rota mais dinâmica trazendo perspectivas diferentes para a época. O texto aborda a Revolução Portuguesa, dinastia de Ávis e Bragança, trata de questões relacionadas a domínios, onde agora há uma mudança de valores, pois “o reino não pertence mais ao domínio do Rei e sim a nação” (diz Faoro em sua obra).
 O autor demonstra em sua obra a riqueza do “encontro” de grupos e comunidades que formaram o que hoje é o Brasil, por meio de experiências comerciais e acordos (tratados). Não se pode esquecer a questão religiosa que sempre está presente na obra do autor, onde Portugal é vista como linha direta do papado. Fica em evidência os primeiros alicerces dessa formação que são as “navegações”, que possibilitaram uma nova forma dos mundos se encontrarem, mesmo sabendo que isso pode causar sofrimentos ou boas trocas, casamentos forçados, mestiçagens, miscigenação, mulheres forçadas à prostituição e uma visão da mulher ainda como fruto do pecado. A “convivência” é uma pré-globalização onde se é possível uma troca de culturas que enrriqueceu tal período. Sem mais delongas finalizo dizendo, que nesta aula discutiu-se a Formação do Patronato Político Brasileiro.
Discutiu-se de pertinente a respeito do texto de Antônio B. Coelho assuntos relacionados as navegações comércio e conquistas, de forma a valorizar o “encontro” dos mundos navegáveis e suas culturas mescladas, para nos aproximar do passado ligando-o ao presente. Foi possível perceber os efeitos de várias explorações dos continentes, onde Dom Manuel (Rei de Portugal e dos Algarves daquem e dalém mar em África, senhor da Guiné, da navegação, comércio e conquista de Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia) carregava um nome extenso originado de um prodigioso movimento coletivo de descobrimentos e expansões marítimas, evangelizações, encontros de civilizações, dialéticas do “outro” e dos mesmos gerando a construção de novas nações e países, sem esquecer-se da descoberta do “nu” e das vergonhas, que é a forma que o autor trata este assunto relacionado à nudez indígena.

O autor trás o século XV e XVI como séculos de invasões violentas e ocupações de territórios, causada por bárbaros, árabes, mongóis, turcos ou então as próprias invasões francesas gerando de certa forma um movimento de globalização com características, multiétnicas diferentes entre si e permeada de grandes trocas culturais, mostrando que a estrutura da colônia não vem da corte e sim dos “encontros”. Neste contexto o professor (Juliano Pirajá) nos fez perceber rotas comerciais onde há sempre uma interação e viagens que se transformam em grandes aventuras que deixavam para trás, quem não quisesse voltar (citou a obra do Caramurú). Uma grande viagem ao desconhecido e desejado, sem saber o que se vai encontrar pelo caminho (saques, mortes, comércio, piratas, sexo, pecado). Reis que ao mesmo tempo se faziam empresários infiltrando-se no comércio milenar português. O texto alcançou um caráter importante e com isso contribuiu muito para entendermos a formação colonial, trazida por esse universo de publicações de extensos pensamentos utilizados na construção das identidades.

Raymundo Faoro (Vacaria, 1925-2003) um jurista, sociólogo, historiador, cientista político e escritor brasileiro. Texto discutido: "Para começo de conversa".


Antônio Borges Coelho (Murça, 1928) um dos grandes Historiadores, poeta e teatrólogo de Portugal. Texto discutido: "Os argonautas portugueses".




sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

WILSON ARAGÃO

Por saber que esse blog tem afinidade com música e principalmente com um cantor símbolo de uma geração, que sabe apreciar a verdadeira música que tem um rico conteúdo filosófico e cultural, um grande amigo falou-me que tem apresso em especial por uma determinada música, então para homenagear três grandes pessoas que considero (Raul Seixas, Wilson Aragão e Rodolfo Torrez) me dedicarei a essa canção em meu texto.

Boa leitura.
       
Para abordar o assunto que eu quero tratar, primeiro tenho que falar de uma pessoa que aparece na mídia bem menos que o grande ídolo Raul Seixas. Bom ai você leitor deve estar se perguntando o que tem a ver, Wilson Aragão com o roqueiro baiano? Irei responder a esse questionamento na medida do possível, no decorrer do texto.
O assunto proposto por minha pessoa antes de tudo é uma homenagem a três pessoas, Raul Seixas, Wilson Aragão e Rodolfo Torrez (jornalista e colega de trabalho). Qual assunto é esse afinal? Rodolfo, este excelente colega de trabalho ao ver o blog gostou muito por saber que ali continha matérias sobre Raul Seixas, então perguntei: Rodolfo em sua opinião, o que você gosta da carreira musical de Raul Seixas? e ele respondeu, o assunto que eu vou abordar neste texto, que já está parecendo um “mistério” com tantos rodeios para chegar ao tão falado assunto.


Disse Rodolfo “CAPIM GUINÉ” ai então me senti na obrigação de prestar essa homenagem a esses amigos compartilhando meu texto baseado em meus conhecimentos e pesquisas a respeito desta excelente canção que contagia quem a ouve, espero que satisfaça ao público desta Cidade virtual, Anarkilópolis XXI.



 
O assunto é “CAPIM-GUINÉ” e a pessoa a que me refiro é um grande baiano do sertão de Piritiba/BA o cantor poeta WILSON ARAGÃO, que teve seu inicio musical em corais de colégios e igrejas da Bahia, mostrando-se um verdadeiro talento para o mundo rompendo fronteiras com suas canções poéticas carregadas de sentidos. Wilson Oliveira Aragão (25 de abril de 1950) é um grande compositor e cantor baiano, com aproximadamente 20 anos de carreira musical e pelo menos 4 CD`s gravados e participante de várias coletâneas e principalmente autor de sucessos como a música “CAPIM-GUINÉ” é isso mesmo! esta música pertence, a quem não sabe a este poeta cantor, do nordeste baiano. No fim da canção você ouve Raul Seixas dizer: Capiritiba saudade retada... dom d´oje ele chega....(esta é a Cidade da Bahia onde nasceu o compositor Wilson Aragão). A música “CAPIM-GUINÉ” foi gravada pelo saudoso Raul Seixas e Tânia Alves, mas na gravação de Raul a música ganha alterações em algumas partes, pois a letra original da música “CAPIM-GUINÉ” Wilson Aragão compôs em 1979 e Raul Seixas a gravou em 1983 (28 anos atrás) modificando algumas palavras, segundo o relato de Wilson em um vídeo postado no youtube. Wilson Aragão também é autor do sucesso “UMA GUERRA DE FACÃO” gravado por nosso ídolo amigo e admirador de Raul Seixas, o ZÉ RAMALHO.


Wilson Aragão com suas músicas de letras pensantes e filosóficas temperadas, com ritmos como baladas, xotes, martelos, chachado  e canções poéticas que mais tarde ganharam São Paulo, Salvador, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, e outros grandes estados fazendo seus shows e divulgando seus trabalhos em rádios e TV por todo Brasil.